Bienal 2025: Mesa-redonda da Pinacoteca da Ufal aproxima o público dos artistas e suas obras

Mediado por Cintia Rodrigues, o debate contou com as apresentações dos artistas Gleyson Borges e Jhonyson Nobre, expostos pela Pina durante o evento literário

Por Guilherme Honório - estudante de Jornalismo (Ascom Pinacoteca)/ Fotos: Jonatas Medeiros
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Bate-papo com o público contou com a apresentação de Jhonyson Nobre e Gleyson Borges. Foto: Jonatas Medeiros
Bate-papo com o público contou com a apresentação de Jhonyson Nobre e Gleyson Borges. Foto: Jonatas Medeiros

Ontem (03), durante a 11° edição da Bienal Internacional do Livro de Alagoas, a Pinacoteca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), realizou a mesa-redonda “Arte negra contemporânea alagoana”. O debate, mediado pela museóloga Cintia Rodrigues, contou com a participação dos artistas Jhonyson Nobre e Gleyson Borges.

Realizado na Sala Pitanga do Centro de Convenções de Maceió, a conversa pôde auxiliar na compreensão do atual cenário, desafios e o futuro do movimento artístico do estado, aproximando o público presente dos criadores.

Cintia destacou que, através desse momento, surgem oportunidades para que outros artistas possam ter autonomia na construção dos seus trabalhos e narrativas. “A importância dessa conversa está em abrir espaço para que artistas negros alagoanos possam narrar suas próprias trajetórias, técnicas e visões de mundo dentro do cenário contemporâneo. Em um contexto em que ainda há desigualdades no acesso, na visibilidade e na circulação de obras, esse diálogo é fundamental para pensar novas possibilidades de representação, pertencimento e reconhecimento”, disse a mediadora. 

Ela termina abordando a relevância do evento para a discussão. “A Bienal se torna, assim, um território de escuta e afirmação da arte negra alagoana, onde a presença desses artistas é também um gesto político e estético de resistência e de criação de futuros. Hoje, ao colocar Jhonyson e Gleyson no centro do debate, a Bienal reafirma a urgência de descentralizar os discursos e de permitir que a arte feita por artistas negros de Alagoas seja reconhecida como pensamento, potência e movimento”, completou Cintia. 

Gleyson que, ao longo do bate-papo, abordou sobre a carreira, enxergou na mesa-redonda uma oportunidade de ampliar os horizontes de conhecimento a quem estava presente, mas não sabia do seu trabalho. “Eu acho muito massa ter um espaço de troca sobre arte com as pessoas. Nem sempre é possível, presencialmente e até digitalmente. Então, é muito legal trazer arte mais para perto também. Às vezes, fica num lugar muito de pedestal, de ‘eita, só é para ver, não pode tocar’”, falou o artista, popularmente conhecido como “a coisa ficou preta”.

Além do mais, ele ressalta a imersão das pessoas nos processos que compõem a rotina dos criadores artísticos alagoanos, desde os aspectos positivos, passando pelas adversidades, possibilitando um olhar humanizado sobre os trabalhos. “É muito engrandecedor para mim, como artista, e para a população, que está entendendo um pouco mais do processo criativo, das dores, das coisas boas e de como o processo acontece. Acho que dá uma humanizada também no artista, que é gente, que tem certas dificuldades na vida como todo mundo”, enfatizou Gleyson.

Jhonyson, por sua vez, frisou a conexão familiar - peça fundamental e inspiradora dos seus trabalhos - decorrente das exposições em Alagoas. “É muito massa expor em Alagoas porque a minha família consegue ir para as coisas. Eu me sinto muito muito querido, porque, como eu falei até na palestra, eu pinto muito para eles e para mim, nesse contexto de criar uma identidade e a gente se conectar”, falou.

Logo, a Bienal, segundo Jhonyson, ajuda a propagar as criações, vistas pelo artista como “filhos”. “Eu acho que a obra, quando ela vai para o mundo, ela deixa de ser minha. É como um filho que você vai parir e aí tem todo um processo para fazer essa gestação e parto, mas a partir do momento que ele ganha o mundo, ele vai ganhando camadas para além de mim. Então, eu acho muito massa estar expondo na Bienal”

Já Victor Sarmento, diretor da Pinacoteca da Ufal, ressaltou a importância do bate-papo para o espaço cultural, vivendo os preparativos para a reabertura. “Eu acho que essa mesa aqui é um grande esquenta. É um momento, primeiro, de debate com dois grandes artistas que estão na vanguarda, jovens, contemporâneos e que dialogam muito com esse evento aqui que é a Bienal e o seu tema. Mas eu acho que isso é um preparativo para trazer o nome da Pina de novo”, contou.

O diretor encerra reforçando o instante de diversidade que a mesa-redonda trouxe ao novo marco da história do local, paralelo ao evento literário. “A Pinacoteca é essa pluralidade e isso aqui é uma prova. Esse debate do Gleyson e Jhonyson, com medição de Cintia, constata que ela está sendo reativada, que ela é plural e diversa e cabe a todo mundo”, finalizou Victor.