Permanência da Paisagem
Dorian Gray, Selma Bezerra, Isaías Ribeiro e Cés - 2004-08-05 - 2004-09-03
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PERMANÊNCIA DA PAISAGEM
“Toda a paisagem é um estado de espírito” Fernando Pessoa
A paisagem é a impressão do olhar. E, se como nos ensina Merleau Ponty, “ver é ter a distância”, a paisagem é, também, a superação dos limites do indivíduo, ampliando a fronteira do Ser e integrando o Eu e o Outro, o corpo e a natureza, o ator e o mundo. Por isso, a paisagem não é para a Arte apenas um tema, uma distância: ela é uma instância, uma emergência, uma evidência psicológica do sentimento humano. Em resumo, a paisagem é o verdadeiro retrato do homem, o seu Estar no mundo. Assim, ao longo dos séculos, a história da pintura é um permanente diálogo do ser humano com o seu entorno, com aquilo que ele se apropria através do Olhar. Essa relação acaba por criar a síntese da vida humana sobre a terra, seus mistérios, suas inquietudes e suas belezas.
A mostra “Permanência da Paisagem” reúne quatro artistas potiguares, Dorian Gray Caldas, Selma Bezerra, Isaías Ribeiro e César Revorêdo. Cada um a seu modo recicla e trabalha a essência da paisagem em seu sentido mais amplo e poético, compondo um interessante e diversificado painel da arte produzida no Brasil nos dias atuais e, em especial, nas ensolaradas e brilhantes terras nordestinas.
Eis ai, em síntese, artistas de várias gerações e várias tendências. Unidos (pela arte) e reunidos (nessa mostra) pela inquietude e pelo talento. São tantas e são várias as paisagens do mundo... cabe a qualquer um de nós descobrir os mistérios, os lances desse fascinante jogo da arte. Uma exposição de arte deve ser assim compreendida: um passeio, uma descoberta, um exercício de encantamento e prazer, uma certeza: são várias as verdades, são varias as paisagens, são vários e encantados os olhares do mundo. Quando lançamos o olhar sobre a arte, passamos a também ser cúmplices, incorporamos a nossa visão e os nossos sentimentos a essa paisagem coletiva que o homem contemporâneo elabora, todos os dias, em todas as partes do planeta.
Marcus de Lontra Costa