Labor
Nímia Braga Duarte - 2008-05-29 - 2008-07-03
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Etimologicamente a palavra vem de tripalium (ou trepalium), do Latim Tardio, um instrumento romano de tortura, uma espécie de tripé formado por três estacas cravadas no chão, onde eram suplicados os escravos. Reúne o elemento “tri” (três) e “palus” (pau) – literalmente, “três paus”. Daí derivou-se o verbo tripaliare (ou trepaliare), que significava, inicialmente, torturar alguém no tripalium, o que fazia do “trabalhador” um carrasco, e não a vitíma de hoje em dia.
No Renascimento, adiquiriu também o sentido atual de “labuta, atividade, exercício profissional”, outras situações que conservam as associações primitivas do termo. Trabalhoso, em qualquer dicionário, significa “custoso, difícil, cansativo”. Quem está em dificuldades, está passando trabalho. Aquilo que não é fácil de dizer dá muito trabalho, ou muita trabalheira, às vezes até um trabalhão.
De acordo com uma definição positiva e ideal, o trabalho favorece a realização do individuo, a consolidação da cultura, sendo uma atividade física ou intelectual, que visa a algum objetivo. Através do trabalho o homem pode moldar e mudar a natureza e a si próprio, mantendo a vida e o desenvolvimento da sociedade.
Marx questionou a suposta liberdade do trabalhador assalariado, pois, sem outra opção, ele é obrigado a vender sua força de trabalho para sobreviver, sendo assim dominado pelo sistema Capitalista.
Atualmente, vivemos uma crise universal, onde não há trabalho suficiente para a população, esta crise cria os chamados “trabalhos informais” e assim o homem busca sua possibilidade de sobrevivência com as mais diversas atividades.
Assim, a artista visual NÍMIA BRAGA, faz uma homenagem ao trabalhador, com registros fotográficos, que vão além de uma pontuação natural, mas com a delicadeza e poesia que caracterizam seu trabalho artístico.
A mostra LABOR revela momentos de trabalhadores anônimos e às vezes até invisíveis, onde foram muito mais do que vistos e revistos por NIMIA, que com seu olhar detalhista e criativo, faz de uma “caldeira de melado”, uma dança de movimentos suaves e esteticamente belos. Nímia Braga nasceu no Paraguai e veio para Maceió em 1976, onde estudou arquitetura na Ufal, concluindo o curso em 1981 e assim se tornou “Paraguaialana”.
Sua experiência com fotografia começa aos 12 anos, levando esta atividade ao campo profissional. Em 202 cria, como sócio-fundadora, o Clube do Click, onde reúne profissionais da fotografia, numa troca de experiências e atividades coletivas.
Conhecer e contemplar as séries:
Células, com a cadeia celular disposta no chão, ocupadas por fotos de trabalhadores, numa analogia a vida e a importância do trabalho;
Percebendo, que mostra através de sons e imagens, a rotina e o dia-a-dia do trabalhador;
Ambulantes, que traz uma instalação, criando um espaço de interação com os fruidores, onde os trabalhadores ambulantes são os focos destes espaço, nos possibilita momentos de descobertas, daquilo que está bem à frente, mas não percebemos, pois não demos conta.
Com seu olhar barroco e arquitetônico, NÍMIA transforma e revela, toda beleza disposta nesta mostra, em forma de arte, de vida e de respeito ao outro, aproximando e valorizando, o que o ser humano tem de mais completo, que é sua capacidade de ir além de seu limite, pois assim, chegamos ao século XXI, com força e a garra do trabalhador, que apesar de todas as dificuldades, continua lutando e transformando.
NÍMIA é uma artista, que usa sua habilidade fotográfica, para manter eternos seus registros criativos e torná-los momentos de intensa beleza e reflexão, possibilitando, através desta linguagem, a fotografia, a produção de um trabalho ético e coerente, com nuances de poesia, alegoria e fantasia, mostrando e revelando a verdadeira função da Arte.
Viviani Duarte