ACERVO PINA: Artistas Alagoanas - ontem e hoje

Vários Artistas - 2017-03-24 - 2017-07-21


- Atualizado em 20/03/2025 17h57

O recorte da Coleção Pina, aqui exposto, apresenta obras de 16 artistas alagoanas que contribuíram, cada uma a seu modo, para a constante evolução da arte contemporânea no Estado de Alagoas. A força e a poética destas obras revolucionaram os conceitos artísticos de seu tempo, ultrapassando preconceitos, a desigualdade de gênero e a ausência de oportunidades.

A exposição, cujo eixo curatorial se divide em quatro núcleos, propõe um diálogo entre as obras de três gerações de artistas, que ainda não se achavam expostas no acervo da Pinacoteca Universitária. A alagoana Maria Teresa Vieira dá início ao circuito como homenageada, por seu papel determinante no cenário artístico nacional. O primeiro núcleo promove reflexões sobre o tempo e o espaço. As obras da artista Martha Araújo desvelam o processo de permanência e decomposição das matérias existentes no universo e a influência da temporalidade sobre elas. Karla Melanias nos apresenta um mundo onírico, onde criaturas flutuam e repousam entre a vida e a morte. Já Renata Voss, num piscar de olhos, evidencia o deslocamento e a metamorfose do instante.

O segundo núcleo retrata as formas de um modo simbólico, e as obras aqui parecem brotar da terra. Bárbara Lessa transforma argamassa, ferro e vidro em criaturas com referências arqueológicas. O mesmo acontece com Marta Arruda, que ao dominar o ferro, aquece, retorce, molda e transforma em poesia o que era bruto. Rosa Piatti transpõe para suas peças uma clareza formal e construtiva com elementos que reforçam a espiritualidade ancestral. E Vera Gamma exalta as formas geométricas; suas obras alegóricas mesclam círculos e signos cheios de cor e movimento, numa ode ao ciclo da vida, finito e infinito.

No terceiro núcleo, temas políticos, sociais e humanitários são evidentes nos trabalhos de Eva Le Campion, Camila Cavalcante e Viviane Duarte, artistas que atentam para o descaso das políticas públicas com os espaços comunitários, com crianças e adolescentes expostos à marginalidade e ao analfabetismo. Hilda Moura, com a Matrioska, denuncia a repressão, a violência e o silenciamento da mulher, contestando atitudes que costumam passar de geração a geração.

O quarto e último núcleo, integrado por Maria Amélia Vieira, Vera Arruda, Marta Emília e Solange Chalita, apresenta o gráfico, a colagem e a sobreposição como parte de suas pesquisas plásticas, reafirmando a capacidade do artista expandir o seu olhar.

Este diálogo de gerações não ignora o mérito de outras grandes mulheres alagoanas, que infelizmente, não integram o acervo da instituição. Fica o nosso agradecimento pela valorosa contribuição de cada uma na trajetória da arte alagoana.

Rafael Almeida
Curador

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