A Casa Acessa

Roberto Lúcio - 2002-10-10 - 2002-11-10


- Atualizado em

A CASA ACESA

Roberto Lúcio de Oliveira, João Pessoa, PB

Para o critico de Arte, Marcos Lontra, Roberto Lúcio “busca a síntese entre o rústico e o sofisticado, o erudito e o popular, o precário e o definitivo. Se a forma encontra eco nas experiências modernistas, a ação do artista de operar nas frestas das técnicas e dos conceitos, denota características evidentes na arte de hoje”.

Roberto Lúcio de Oliveira. Nasceu em João Pessoa – Paraíba. Vive e trabalha em Olinda – Pernambuco. Possui os cursos de Desenho, Pintura e Artes Gráficas – através da Universidade Federal de Pernambuco. Curso de Estilismo – 1978 – ministrado por Marie Rucky, do Instituto Berçot de Paris.

Participou de importantes exposições no Brasil e no exterior, entre outras: Alemanha: Galerie Noé – Berlin; Galerie Gerb Lehman – Dresden; Staatliche Kunsthalle – Berlin; Arte Brasil Heute – Munique. Estados Unidos: Art Miami 97; Neuhoff Gallery – New York; Krannest Art Museum – Illinois. Brasil: Galeria Nara Roester – São Paulo; Galeria Amparo 60 – Recife; Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM – São Paulo; Werkstatt Berlin - São Paulo, MASP – São Paulo.

Em 1998, Roberto Lúcio realizou sua primeira exposição em Maceió, com a curadoria da arquiteta Humberta Farias. Recentemente participou da mostra Artefacto 2002, com objetos e pinturas. Com a curadoria de Rogério Gomes, o artista apresentará no próximo dia 10 de outubro de 2002, na Pinacoteca Universitária, as séries FACHADAS e A CASA ACESA.

A série FACHADAS foi apresentada no conceituado CAHO, Centro de Arte Hélio Oiticica no Rio de Janeiro, e no MAMAM, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife. Trata-se de dez pinturas sobre telas, em grandes formatos, com um dos trabalhos chegando a medir 1.30 x 4.00 m. Roberto Lúcio utilizou um mínimo de elementos, onde o grafismo delimita com vigor os espaços da tela em preto e branco. Os trabalhos apresentados em FACHADAS são uma leitura sobre a estética construtivista-tosca comum às casas populares no interior do Estado.

O crítico de arte Olívio Tavares de Araújo escreveu: “Roberto Lúcio abriu mão de todas as seduções existentes em suas telas até hoje para se deter no essencial: um gesto, um risco, um ângulo, aplicados ou vazados num fundo de matéria mais ou menos indiferenciados e uniformes”. Na série FACHADAS, o artista abordava o exterior da casa. Agora, com a série A CASA ACESA, penetra em seu interior, remove os entulhos e deixa aparecer às lembranças das paredes, pisos, brinquedos de crianças, objetos, utilitários populares da casa de seus pais. Com madeira, cobre e cetim constrói objetos tridimensionais articuláveis que se amoldam nas paredes e pisos interferindo nos planos e espaços do museu. Foi a partir de uma derradeira visita feita à residência em que morava quando menino, em João Pessoa, que o artista atinou para os elementos da série A CASA ACESA. “Fui tratar da venda da casa dos meus pais e, voltar ali, depois de tanto tempo, me trouxe muitas lembranças. Passou um filme na minha cabeça”. Além da visita, Roberto Lúcio tomou conhecimento de Leilão Sem Pena – livro de poemas (que depois virou um curta-metragem) escrito pelo amigo Fernando Monteiro. “O livro trata do leilão de objetos que pertenciam a um falecido e que na mão de outros não guardam o mesmo valor”. Foi Monteiro também quem lhe apresentou os versos da publicação espanhola La Casa Encendida, de Luís Rosales. Roberto Lúcio gostou tanto que além de apropriar-se do nome do livro para sua série, vai reproduzir os poemas na instalação. A mesa está posta, que será apresentada numa sala escura forrada de um tapete de folhas secas, e para ele, um lugar sagrado. Marcos Lontra